Improviso é só pro artista?

Quando eu estudava na Full Sail University, entre todas as ótimas aulas que eu tinha de iluminação, roteiro, produção e mais, a minha favorita era uma que não estava no calendário oficial de aulas.

Um professor meu dava, semanalmente, um workshop de improviso. As aulas eram abertas para qualquer aluno da Full Sail. Eram muito úteis para mim como estudante de cinema, é claro, mas muitas das pessoas que participavam eram alunos de produção musical, games, e outras áreas onde a importância da improvisação é menos óbvia.

Nesse workshop, nós jogávamos vários jogos de improviso. Conforme eu ia nos workshops, melhor eu ficava na improvisação. Mais rápido para piadas, mais envolvido nos personagens… E eu sempre saía de lá feliz. Afinal, enquanto improvisando, eu focava no presente, e deixava pra trás todos os pensamentos sobre o passado, sobre quem eu era fora daquela sala. E é com isso que eu entendi a importância para o nosso dia a dia dos valores aprendidos com o improviso.

Improvisação é sobre estar no momento presente, totalmente focado, sem distrações. Algo que pode ser útil também no dia a dia. Quantas vezes não nos preocupamos com momentos passados, os quais não podemos mudar, quando deveríamos estar focando na tarefa em mãos?

Mas não é só o passado que fica para trás. Quando improvisamos, deixamos de nos preocupar com o futuro. Fazendo uma cena, às vezes é normal que tenhamos uma ideia inicial de como ela será. Mas como o improviso também é sobre trabalho em grupo, o parceiro pode adicionar uma ideia que muda a cena inteira! Daí que vem a ideia do “sim, e…”, talvez a frase mais importante dentro do improviso.

O “sim, e…” é sobre não só ouvir o seu colega, mas também aceitar a ideia dele e construir em cima, trabalhando juntos para construir uma ótima cena. E assim também é na vida real. Muitas vezes em nossas interações no dia a dia, nós não mantemos uma escuta ativa. Isso gera falhas de comunicação que comumente geram tantos conflitos e mal entendidos.

Eu nunca esqueço de quando jogamos um jogo onde encenavam uma entrevista, porém ao contrário. O “entrevistado” dava a resposta antes do “entrevistador” fazer a pergunta. Quando um novato chegou para o jogo, as perguntas que ele fazia eram demasiadamente longas e sem nenhuma conexão com as respostas dadas. Ele só queria se aparecer, falar coisas que achava que seriam “legais”. Ele não estava escutando o colega ao lado. Após explicarmos melhor essa parte do improviso, conseguimos refazer o jogo, dessa vez com um resultado bem mais interessante.

Outro ponto interessante da improvisação, é a resolução criativa de problemas. Quando apresentado com uma ideia completamente nova em uma cena, você precisa pensar rapidamente em como crescer a cena com essa nova ideia. Esse tipo de reação rápida para resolver problemas é algo essencial para as inúmeras vezes em que algo dá errado na vida, no trabalho, e precisamos dar um jeito rápido de resolver.

Isso tudo mostra que o improviso não é só para palhaços e atores, muito menos somente para artistas. Qualquer um pode beneficiar de implementar essas táticas no dia a dia. É só, quando diante de um novo desafio, ou em uma interação importante, lembrar de que a vida não é nada mais que uma cena, e cabe a você improvisar.

Um artigo produzido por Lucas Fouyer

Nascido em 2001 e formado em cinema pela Full Sail University, na Flórida, EUA, Lucas atualmente estuda Rádio e TV na Anhembi Morumbi. Já trabalhou em múltiplas gravações de vídeos institucionais, com edições de vídeos, em curtas e no NXT, o famoso programa de luta livre internacional.

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