Educação inclusiva, gratuita e com impacto social. Onde está a pegadinha?

Por Nina Oliveira

Coração de brasileiro não bate; apanha. Entre os jovens em situação de vulnerabilidade social, então, os sobressaltos são constantes. Uma pesquisa da Associação Brasileira de Mantenedores de Ensino Superior aponta que 42% dos estudantes matriculados no ensino superior privado devem desistir do curso por não conseguirem pagar as mensalidades. Depois de muito sacrifício para ingressar em uma universidade, o sonho de ascender socialmente por meio da educação vira pó. E, se esse indivíduo for negro, a probabilidade de concluir um curso superior será mais remota. Estudar, no Brasil, é muito caro! E, não costuma ser para todos.

Há um ano, vivo uma realidade totalmente diferente. Fui contratada para trabalhar na área Financeira e Facilitiesde um negócio de impacto social voltado a formar Engenheiros de Software para uma área na qual faltam profissionais e sobram vagas. Uma estimativa aponta que, anualmente, 250 mil postos de trabalho não são preenchidos; em 2022, teremos mais de 408 mil vagas, sem pessoas qualificadas para assumi-las. A 42 surgiu para alterar essa lógica sem sentido. Criada em 2013, na França, a escola sempre teve o objetivo de oferecer uma alternativa educacional para formar, com alta qualidade e escala. A ideia é preparar uma nova geração pronta a ser protagonista no mundo digital. Eis que, em 2019, essa escola chegou ao Brasil; a São Paulo. E quanto custa? Nada!

E qual é a pegadinha? Nós, brasileiros, estamos acostumados a sermos surpreendidos com as letrinhas miúdas do contrato. Sabemos que, muitas vezes, o grátis sai bem caro. Pois, garanto que na 42 São Paulo essa premissa não se estabelece. Você não vai pagar, depois de formado; não vai doar uma parcela do primeiro salário ou algo que o valha. A escola é totalmente gratuita, porque é um negócio social viabilizado com a parceria estratégica da Fundação Telefônica.

É uma escola inclusiva porque consegue apoiar financeiramente 25% dos cadetes (estudantes) até o sexto mês de programa, quando em geral, já estarão prontos para o primeiro passo no mercado de trabalho. Sabemos que mesmo a 42 ser gratuita, ainda poderia ser caro estudar; como queremos que os cadetes evoluam e se dediquem ao currículo, entendemos que é fundamental ter um programa de bolsa-auxílio. Essa bolsa está atrelada à progressão no currículo, ou seja, os cadetes recebem um termo de compromisso com uma grade curricular de entrega de projetos mensal e, com isso, todos têm um caminho a percorrer e evoluir no aprendizado.

Um outro bate-papo que gostaria de dividir aconteceu com Davi Moreira, 28 anos, também aluno da 42 São Paulo. Ele me contou que a programação surgiu para ele em um momento em que estava “perdido” – tanto profissionalmente, quanto pessoalmente. A programação surgiu como uma espécie de asas que permitiriam ir onde ele quisesse. Se a opção fosse atuar no setor financeiro, poderia; se quisesse ir para a área da saúde, também. Tirou dele, um sentimento ruim do peito! Imagina ouvir isso? Não tem como não se emocionar! Sobre a bolsa, ele atesta que se não contasse com essa ajuda financeira, teria que desistir logo no processo seletivo; disse que ainda estaria com o sentimento de frustração. O bacana do depoimento dele é que hoje se tornou um exemplo para outros jovens que, como ele, acham que a programação é algo muito distante; que não se enxergam trabalhando dentro da área da tecnologia. E, por quê?! Porque as oportunidades são escassas para os menos favorecidos.  

Essas histórias dão um quentinho no coração e mostram, na prática, que viabilizamos uma ascensão social rápida e consistente por meio da educação. E sem custo para os alunos! Portanto, com alto impacto social. Para saber mais sobre a 42 São Paulo – uma escola que está presente em 25 países – acesse www.42sp.org.br. Esse pode ser o primeiro passo para um futuro diferente!

Nina Oliveira. Nascida e criada em Taboão da Serra (região da Grande São Paulo), sou a segunda filha de quatro irmãos. Sempre movida por conhecimento e aprendizado constante, acredito que onde não consigo me aprofundar, prefiro não ficar. Conhecida pela minha gargalhada marcante e pela disposição em acordar às 6 horas da manhã para treinar. Meu lema é a busca pelo equilíbrio.

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