Aprofundando em Hegel, com o filósofo Luiz Eduardo da Fontoura
Edição Painel WH – TV
Um papo sobre filosofia, teologia, liberdade e Estado aconteceu para abrir o quadro “Filosofando” do Canal Painel WH – TV no YouTube. A conversa foi com o filósofo Luiz Eduardo Fontoura e está sendo publicada em blocos nos meses de janeiro e fevereiro.
Confira a síntese das perguntas e respostas organizadas para a primeira parte.
Em que aspectos o Estado poda a liberdade?
R: A relação entre Estado e liberdade está no sentido amplo da organização em relevância, fazendo uma ponte com a Teologia. Isso porque a Teologia emprega uma moral absoluta na minha visão e de acordo com o filósofo Hegel (Georg Wilhelm Friedrich Hegel, 1770-1831). O absoluto envolve uma racionalidade junto ao sentimento e à fé, estando o sentimento e a fé do lado teológico. O Estado, por sua vez, tem o dever e o direito de organizar a sociedade com toda a sua subjetividade e objetividade. Prevalece no indivíduo a liberdade. O Estado tem como moral dar liberdade ao indivíduo, mas exercendo um limite na sua organização interna e externa.
Seria a Democracia a liberdade?
R: A democracia é a maneira mais próxima e bem representativa da liberdade individual. Nela está inclusa uma moral religiosa que vem de longas datas enquadrando o sujeito no seu comportamento e na sua conduta.
Moral é subjetivo, ou não?
R: A moral do indivíduo, assim como da organização estatal, limita a sua amplitude na esfera da Lei. A esfera da Lei deve ser preservada, arguida e questionada.
Dá para dizer que a política e as regras sociais vêm ao encontro de preservar um moral na sociedade?
R: Exatamente. Os ensinamentos cristãos direcionam uma conduta satisfatória e de bem-estar para os indivíduos e para a sociedade. Então, a religião em si é uma alienante ao poder estatal. Hora pode ser em uma sociedade laica, hora não, mas está na medida em que ela se preocupa com a vivência entre os indivíduos, uma convivência saudável e de paz. Aí é que estão tantos problemas da sociedade.
No caso da Igreja, ela usa a espiritualidade para reger as regras e a moral?
R: Exatamente. A religião apresenta uma tábua de salvação baseada nas palavras de Cristo, independente de qualquer crença. Como por exemplo, a postura de convivência e de amor ao próximo e de como os indivíduos devem se comporta em obediência e racionalidade com as Leis constitucionais do seu país, quer seja ela monárquica, republicana ou parlamentarista, não importa. O importante é que essa racionalidade está para o Estado na obediência de uma norma de conduta de fé e de sentimento, aí que se estende ao lado teológico. Por isso, a teologia é importante, sim, para a sociedade. É importante, sim, como apoio ao Estado. Para que, juntos, possam direcionar uma boa conduta e uma boa convivência entre os cidadãos.
Então, no momento que cumprimos as nossas obrigações civis, estamos praticando teologia, política e essência moral, tudo necessário para a vida. Essa é a síntese de acordo com Hegel?
R: Essa é a síntese. Na filosofia do absoluto, a holística impregna as relações. Para Hegel, existe a participação efetiva de uma teologia, um estado forte que representa uma comunidade com fé e cidadões que acreditem nisso como instrumeto racional. A religião apoia uma conduta de como gerenciar, organizar as atribuições, as contigências da vida. Muitos filósfos até questionam como essas contigências possam ser salvagardas ou melhoradas e racionalizadas de forma lógica. É difícil.
A ética supre a ausência de fé religiosa no indivídeo para estabelecer a ordem, a ética e a moral, considerando aqueles que não crêem na religião?
R: A ética e a racionalidade no Estado são prorrogativas universais. Assim, a boa conduta estabelece uma fidelidade para as leis da constituição como obediência às normas e às Leis regidas no país. A boa obdiência, sendo ela salutá e dialética, ela por si só tem o embazamento do bom convívio e de uma harmonia dentro das relações individuais, entendendo assim a força do Estado. A sangria tem que ser estagnada, e só mediante a Lei. Por isso, então, tantas discussões entre parlamentares, governadores e todas as instituições para que essa Lei possa obedecer e vir a contribuir para a norma coletiva e subjetiva. O Estado tem também os seus interesses, até porque ele precisa reger a conduta da sociedade, mas há os desejos individuais e há os desejos coletivos.
Sobre desejos individuais, existe a contramão de tudo o que citamos que é a anarquia. Isso pode ir contra a organização, mas também pode gerar mudanças importantes para o desenvolvimento da humanidade. Ou não?
R: Sim, sem dúvida. Na visão de Hegel é saudável (os desejos individuais na contramão da organização) quando há dialética. Por isso, em todas as instituições, em todas as esferas governamentais, é preciso o diálogo com a sociedade. Eu me identifico com a ideia de que se nós seguirmos com racionalidade e fé diante dos objetivos propostos para o futuro, fazemos um paralelo com as palavras de Cristo.
Cristo foi um líder, e seus ensinamentos vão ao encontro do objetivo mor que é o bem-estar coletivo, necessário hoje na política.
Em vídeo:
Fonte: Aline Wolff da Fontoura – Diretora de Jornalismo, Assessora de Imprensa – MTB/RS 12.406
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