Filosofia para todos: doutor em Educação propõe ensino alinhado à realidade dos estudantes

Professor com 16 anos de experiência na educação básica e no ensino superior, Fábio Antônio Gabriel reflete sobre a importância do conhecimento filosófico e explica como adaptá-lo aos dias atuais em entrevista

Diferente do que muitos acreditam, a filosofia não deve ser uma disciplina enciclopédica para os alunos decorarem conceitos e passarem em uma prova objetiva. Na verdade, o ensino da disciplina pode estar alinhado à realidade dos estudantes, com objetivo de auxiliá-los no processo de reflexão crítica e formação ética.

Quem defende esta perspectiva é Fábio Antônio Gabriel, doutor em Educação, professor de Filosofia com 16 anos de experiência em sala de aula e autor do livro O ensino de filosofia enquanto experiência filosófica. Nas suas pesquisas de mestrado, doutorado e pós-doutorado, ressaltou a necessidade de superar conceitos filosóficos meramente teóricos para inseri-los no cotidiano.

Na entrevista abaixo, ele explica a importância de apresentar a disciplina como parte do cotidiano dos jovens e pondera sobre o papel dela na contemporaneidade.

1 – Por que você decidiu escrever “O ensino de filosofia enquanto experiência filosófica”? O que os educadores podem compreender a partir da leitura desse artigo?

Fábio Antônio Gabriel: A pesquisa teve como norte a importância não só da presença dessa disciplina no currículo, mas também o desafio de pensar metodologias de ensino de filosofia na educação básica que possibilitem uma efetiva experiência filosófica por parte dos estudantes. Por experiência filosófica, o ensino de Filosofia deve ir além da simples transmissão de conteúdo enciclopédico. Impõe-se que ele contribua para uma efetiva vivência da experiência do filosofar no cotidiano.

Todas as disciplinas têm seu aspecto de auxiliar os estudantes a exercitarem uma visão crítica sobre o mundo, e a Filosofia pode contribuir especificamente quando auxilia os estudantes no processo emancipatório de pensar por si mesmo sobre o sentido da vida e questionamento de ações contra a dignidade da pessoa humana.

2 – Na sua perspectiva como professor, qual a importância do ensino da filosofia para adolescentes?

F.G.: O currículo pode propiciar uma mudança significativa na formação dos estudantes, seja para a preparação para o mercado de trabalho, seja para o exercício da cidadania. A filosofia, especificamente, atua como uma ferramenta auxiliar na formação das futuras gerações, propiciando um desenvolvimento emancipador. Emancipar as pessoas é o grande desafio que nos é proposto para pensar e refletir criticamente sobre o mundo que nos cerca. A disciplina Filosofia, integrada ao conjunto de disciplinas, pode contribuir para despertar este senso crítico dos estudantes.

3 – Com base em suas pesquisas, qual a visão dos alunos acerca da importância do ensino da filosofia?

F.G.: Há uma grande variedade de representações sociais dos alunos com respeito à filosofia e ao ensino filosófico. Pesquisas mediante questionários, seja no mestrado, seja no doutorado, apontaram que, quando o professor de Filosofia contextualiza uma discussão, presente na história da Filosofia, para os dias atuais, os alunos sentem-se mais motivados para se debruçarem sobre tal estudo.

4 – Como é possível relacionar a teoria filosófica com o dia a dia dos jovens? Pode citar um exemplo?

F.G.: Os mais diversos conteúdos filosóficos da História da Filosofia relacionam-se por analogia com situações atuais. Diante de teorias a respeito, o estudante coloca seu posicionamento, até mesmo discordando da teoria de determinados filósofos e apresentando argumentos sólidos em justificativa à opinião assumida. O que importa não é concordar ou discordar, mas, sim, posicionar-se uma forma crítica sobre as questões do cotidiano.  Dessa forma, o aluno percebe que a filosofia não é estranha à realidade, mas presente no contexto e no cenário atual em que se encontra inserido.

5 – Qual o papel da filosofia no mundo atual, com rápidas transformações sociais e tecnológicas?

A filosofia é o exercício da reflexão crítica, do debate e da defesa da diversidade; não apresenta posicionamentos predefinidos; sua tarefa é mais a de levar a uma reflexão do que propor respostas definitivas e dogmáticas. A filosofia jamais será contra a tecnologia; por outro lado, é importante lembrar os fundamentos éticos que devem mover as ações humanas. O papel da filosofia não é impor pensamentos, ideologias e, sim, fazer pensar sobre a importância do respeito aos direitos humanos, do exercício da cidadania no contexto democrático e o papel da ética no advento de grandes transformações sociais e tecnológicas.

Sobre o autor: Fábio Antônio Gabriel é mestre e doutor em Educação pela Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), nesta mesma instituição também desenvolveu pesquisas de pós-doutorado. É bacharel em Teologia (PUC-PR), Letras (UNINTER), Pedagogia (UNIMES) e Ciências Sociais (UNIMES). Atua na educação básica como professor de filosofia, na Rede Estadual de Paraná, em Santo Antônio da Platina (PR), e como professor contratado da Universidade Estadual do Norte do Paraná (UENP), no colegiado de Letras, com a disciplina de Teorias de Aprendizagem e Fundamentos da Educação.

Natural de Quatiguá (PR), Fábio é especialista (latu sensu) em Filosofia e Ética; Metodologia do ensino de Filosofia e Sociologia; Ensino Religioso; Gestão e Organização da Escola com ênfase em direção escolar; Psicopedagogia clínica e institucional. Tem 16 anos de experiência em sala de aula e na produção de artigos sobre ensino de Filosofia e Educação. Reside atualmente em Joaquim Távora-PR.

Site do autor: http://www.fabioantoniogabriel.com/

Facebook: https://www.facebook.com/fabio.a.gabriel.5

Para saber mais sobre o livro “O ensino de filosofia enquanto experiência filosófica”, clique aqui!

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