Muito além do laço de sangue: família sob a ótica dos sentimentos
Por Beatriz Breves*
Fato é que a família, se compreendida pelo viés do sentir, transpõe o viés biológico material e constitui, como sendo o seu elemento principal, o vínculo formando entre as pessoas. E isto porque o vínculo não só une, mas, também, teria por função auxiliar na construção da identidade e, assim, oferecer algum sentido à existência. Família é amor, paixão, harmonia, raiva, discórdia, culpa, ódio, remorso, amizade, desarmonia, solidariedade, conquista, derrota, vitória, enfim, sentimentos e sentimentos que colorem a vida das pessoas.
Tem a chamada “família original”, aquela que, se tornando geradora de outros núcleos familiares, na continuidade da vida, replica a cultura e seus valores. Tem a família de amigos, trabalho, profissão, tem até a família por tradição. Sem falar da que é formada por amigos ou mesmo aquela que agrupa animais e seres humanos. Enfim, a familiaridade, pelo viés dos sentimentos, se forma, não pelos laços de sangue, mas pelos laços afetivos, melhor, pelo sentimento de pertencimento que une os seus integrantes.
E essa, talvez, seria a razão de que, desde os primórdios da história, independente da forma como seja ou tenha sido instituída, a família culmina por se tornar o grupo ideal para o ser humano aprender a se relacionar, a respeitar, enfim, a evoluir como gente. Até porque, o núcleo familiar, mesmo caminhando entre avenças e desavenças, é um grupo que está sempre aberto a acolher a pessoa que a ele é ligada por um vínculo, ou seja, pelos sentimentos.
*Beatriz Breves é psicóloga, psicanalista, física e psicoterapeuta. Sua especialidade é a Ciência do Sentir e os mais de 500 sentimentos listados durante 35 anos de pesquisa.