Educação e formação da convivência: autenticidade, sem agressividade!

Agir conforme aquilo que se fala, alinhar discurso e prática, além de ser uma postura ética, é um sinal de autenticidade.

Uma pessoa autêntica, no sentido etimológico, é aquela que coincide com ela mesma. Isto é, ela é o que é. A junção de autos com itkos, em grego, é entendida na Filosofia como “aquilo que não se descola da sua essência”. Há uma coincidência entre a essência e a existência. Eu sou aquilo que aparento e aparento aquilo que sou.

Um pai ou uma mãe, por exemplo, que fala da importância de valores religiosos tem de praticar alguma percepção de religião, porque, do contrário, se torna contraditório. A autenticidade exige a recusa a ser contraditório. Nós somos passíveis de sermos contraditórios, mas temos de ficar atentos para não sê-lo. E, sendo contraditório, precisamos ter a capacidade de corrigir esse desvio de conduta.

A autenticidade vem pela possibilidade de coincidir aquilo que eu aparento com aquilo que sou, aquilo que faço com aquilo que digo. A noção de autenticidade pareceria estranha nos tempos atuais, porque até se diria que uma pessoa autêntica fica mais exposta. E isso a deixaria frágil, porque vivemos numa sociedade em que a aparência não incorpora necessariamente a essência, em que aquilo que se mostra não é obrigatoriamente aquilo que se tem. Eu considero que uma pessoa autêntica tem um sofrimento interno menor. É um aspecto muito positivo sair do armário, em muitos sentidos, não só em relação à orientação sexual, porque reduz imensamente o sofrimento.

Toda mentira, toda dissimulação, tem um custo de energia vital para ser mantida para a própria pessoa e para os demais. É uma tentativa de praticar o impossível autoengano. A energia vital que a pessoa tem de despender para acreditar que é aquilo que não é, sendo que ela sabe que não é o que aparenta ser, a leva a um desgaste imenso, a um sofrimento prolongado e, no final das contas, a um desperdício de vida.

Uma das coisas que apequenam a vida é o sofrimento originado pela incapacidade de a pessoa fazer coincidir aquilo que é com aquilo que pensa de si mesma, no modo como se apresenta. Será a autenticidade um risco numa sociedade como a nossa? Sem dúvida, se ela não for usada com moderação. A autenticidade tem de ser concreta, integral. Ser autêntico não significa derivar para a falta de educação. Em outras palavras, alguns confundem ser autêntico com ser franco o tempo todo, deixando escapar o recato, algo necessário no campo da convivência. Esse comportamento é bem diferente de ser dissimulado.

(…)

**Trecho retirado do livro “Educação, convivência e ética” disponível em https://amzn.to/2RfZqh1

Fonte: Mario Sergio Cortella | Professor, Escritor e Filósofo at MSCortellaConsultoria

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