Apresentado, Guilherme passa a limpo lesões e diz que escolha pelo Bahia foi “emocional”
Na primeira entrevista coletiva, meia garante estar bem fisicamente e relembra começo da carreira no Real Salvador
O currículo do meia Guilherme faz dele o jogador mais badalado entre os contratados até aqui pelo Bahia para a disputa da temporada. Com passagens por Cruzeiro, Atlético-MG, Athletico e Corinthians e títulos como a Libertadores, Copa do Brasil, Sul-Americana e Recopa Sul-Americana, o jogador de 30 anos chega ao Tricolor com a missão de ajudar a elevar o patamar de um elenco que perdeu Zé Rafael, seu principal jogador nos últimos anos. Tanto que, embora seja o quarto reforço anunciado pelo clube, foi o primeiro a ser apresentado oficialmente, em entrevista coletiva realizada nesta sexta-feira.
Apesar do status de principal contratação, Guilherme não se vê com posição garantida no time. Com a saída de Vinícius, Ramires, que está com a Seleção Brasileira Sub-20, aparece como principal concorrente de posição.
– Em nenhum lugar que cheguei tive o pensamento de estar sozinho. Chego com muito respeito. Esses dois são jogadores de qualidade, mas ficaram alguns que esperavam a saída deles para ter mais oportunidade. Não me vejo sozinho nessa disputa. O que vai indicar são os treinamentos. Todos estão focados. Vou procurar fazer minha parte bem feita – afirmou o meia.
Contudo, nos últimos anos, Guilherme não teve passagens de muito brilho por Corinthians e Athletico. Em 2016, no clube paulista, ele não engrenou e foi cedido ao Athletico, time em que passou por mais baixos que altos. No Furacão, o meia virou reserva, se machucou, perdeu espaço e deixou o clube antes mesmo da final da Copa Sul-Americana, quando o time foi campeão. O meia garante estar bem fisicamente e explicou as lesões sofridas na temporada passada.
– Chego muito bem. Não foram lesões repetitivas. O que é repetitivo é como é divulgado na mídia, e nem sempre é verdadeiro. Cheguei em 2017 no Athletico, em seguida tive uma fratura na vertebra, que foi um acidente, uma joelhada que tomei, fiquei 40 dias afastado, e agora no fim do ano, fraturei o dedo do pé. Foram dois acidentes. Importante frisar que esse tema lesão é um passado distante. Muscular, estou muito bem. Minha cabeça está muito boa para estar mais vezes em campo.
Jogar em Salvador não vai ser inédito para Guilherme. O primeiro clube do jogador foi o Real Salvador, em 2002. Em seguida ele seguiu para a base do Cruzeiro. Emocionado, o meia afirma que esse foi um dos motivos de decidir jogar no Bahia.
– Estive em Salvador com 13 anos. Me emociono, porque estou em um grande clube, o maior do Nordeste. Quando criança, acompanhei a base das duas equipes. Posso retornar com minha família formada, com minhas duas filhas. […] Cheguei em 2002. Sou do Maranhão. Vim para o Real Salvador. Tenho alguns amigos que ao longo dos longos perdemos o contato, mas acredito que, aos poucos, vão aparecer. Joguei na Boca do Rio, no campo militar da Pituba, Cidade Baixa, nos interiores. Camaçari. Dias D’Ávila. Não é uma região desconhecida [para mim]. Estou feliz em estar retornando. Não é só trabalho. É uma questão emocional. Foi a primeira vez que saí de casa. Fiquei pouco mais de um ano. Agora, poder confirmar minha história no profissional, de outra forma, e quem sabe marcando meu nome na história do clube.
Preferência como meia e elogios ao elenco
Além de atuar como meia, Guilherme também é opção para o técnico Enderson Moreira para atuar mais à frente. No Corinthians, para tentar potencializar o talento do atleta, o então técnico Tite chegou até a mudar o esquema tático da equipe, fazendo com que ele atuasse mais próximo do gol adversário.
Guilherme se vê pronto para ajudar em outas posições, mas não esconde que prefere jogar como meia central.
– Posicionamento, surgi como atacante. Com a dinâmica do futebol, mudança de esquema, fui recuado, mas não por falta de lugar, mas porque a qualidade me permitiu. Hoje estou mais habituado para jogar ali, organizar o time, chegar na frente, fazer gols. Também tive um momento pelo lado, com o Fernando Diniz, foi um momento especial porque não me achava capaz de fazer. Depois que fui treinado por ele, me senti capaz. Não me limito jogar um uma só função. Mas me sinto mais um meia chegando no ataque.
O meia tricolor também elogiou o elenco do Bahia. Quarto reforço anunciado, Guilherme é o quinto jogador contrato pelo Bahia até aqui. Além dele, chegaram ao clube os atacantes Rogério, Iago e Artur Victor e o lateral-direito Matheus Silva. O meia Shaylon deve ser confirmado no clube nas próximas anos.
– Elenco é fortíssimo. Foi uma das questões que me fez vim para cá. Um clube que está se consolidando, fez duas temporadas muito boas, fez a melhor campanha na Série A no ano passado, tem jogadores de qualidade, manteve a comissão, boa parte do elenco. É importante para o jogador que está chegando se encaixar no perfil. Tem tudo para essa junção ser boa. Venho para ajudar, para fortalecer um grupo que é forte.
Guilherme tem os seus direitos federativos ligados ao Corinthians e chega como parte de uma negociação para zerar uma dívida do clube paulista com o Tricolor. A Alvinegro deve ao Bahia R$ 2 milhões pela compra de Juninho Capixaba, realizada no início de 2018. No contrato de empréstimo de Guilherme, fica definido que o Corinthians vai arcar com o salário do meia integralmente. Fora do Brasil, ele atuou pelo Dynamo Kyiv e CSKA, da Rússia, e Antalyaspor, da Turquia.
O Bahia estreia em 2019 no dia 16 de janeiro, quando enfrenta o CRB, pela Copa do Nordeste, na Arena Fonte Nova. O primeiro jogo pelo Campeonato Baiano acontece quatro dias depois, diante do Fluminense de Feira, no Joia da Princesa.
Fonte: Globo Esporte Bahia | Por Ruan Melo — Salvador