Africa e Vogue são criticadas por campanha que coloca atores “na pele” de paralímpicos
As campanhas que promovem os Jogos Paralímpicos Rio 2016, evento que acontece entre os dias 7 e 18 de setembro, mal começaram e já há peças envolvidas em polêmicas e discussões nas redes sociais.
Na manhã desta quarta-feira (24), uma campanha da agência Africa em parceria com a revista Vogue não foi bem recebida pelo público. A postagem feita pelo veículo no Facebook divulga as peças “Somos Todos Olímpicos”. A campanha, protagonizada por Cléo Pires e Paulo Vilhena, exibe os atores como atletas paraolímpicos, não só vestidos com roupas de alta performance, como também sem um membro do corpo. Cléo surge sem um dos braços, já Paulinho, tem uma prótese no lugar de uma das pernas.
De acordo com as informações da matéria publicada pela revista, a campanha conta uma história. Cleo na verdade, está “na pele” de Bruna Alexandre, paratleta do tênis de mesa, e Paulo “com o corpo” de Renato Leite, da categoria vôlei sentado.
A postagem nas redes sociais e no site estão recebendo inúmeras críticas. De forma geral, a tentativa de personificar atletas paraolímpicos em pessoas sem qualquer tipo de deficiência – e ainda escolher atores globais para isso – soou como algo semelhante ao polêmico “blackface”, costume de brancos se pintarem de preto para encenarem negros de forma debochada. Na maioria dos comentários, os usuários perguntam o porquê da campanha não ser protagonizada pelos próprios atletas, que poderia ser mais eficiente na inclusão dos deficientes físicos.
Criado pela agência África, a campanha tem direção de arte de Clayton Carneiro, fotografia de André Passos e beleza de Carol Almeida Prada.
Vale lembrar que Cléo Pires é uma das embaixadoras dos Jogos Paralímpicos, e ainda protagonisa o ensaio “Super-humanos” da edição de setembro da Vogue, ao lado do atleta Renato Teixeira.
Procuramos a agência, mas ainda não tivemos um retorno quanto ao posicionamento. Já a Vogue afirmou que a concepção da campanha foi da atriz Cleo Pires, do ator Paulinho Vilhena, embaixadores das Paralimpíadas, e da Agência África, e que “a Edições Globo Condé Nast apoia qualquer campanha que estimule o comparecimento e o apoio às Paralimpíadas”.
[Atualizado às 16h10] O Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB), anunciante da campanha, se manifestou sobre o assunto juntamente da agência Africa.
Confira o posicionamento oficial compartilhado por ambos:
“A campanha com a participação dos embaixadores do movimento paralímpico brasileiro Cleo Pires e Paulo Vilhena tem o apoio do CPB. O objetivo da campanha é chamar atenção para as pessoas com deficiência num momento em que o Brasil se aproxima dos Jogos Paralímpicos. De acordo com as estatísticas oficiais, um em cada quatro brasileiros tem algum tipo de deficiência. Mas essas pessoas ainda são, em grande maioria, invisíveis na nossa sociedade. Os atletas estão presentes em outras fotos e ficaram muito felizes em participar da campanha”.
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