Por muitos anos, os homens foram vistos como chefes e provedores da família. Embora essa realidade tenha mudado e, mulheres atualmente se encontrem na posição de exercer os papéis de mãe e pai na vida dos filhos, não importa o quão excelente é seu “papel de pai”, uma figura paterna é imprescindível na formação psicológica e moral de uma criança.

A psicanalista e coach de Desenvolvimento Humano, Andreia Rego, diz: “Independente da visão da sociedade atualmente, a psicanálise afirma que a mulher e o homem possuem papéis distintos e igualmente importantes na vida das crianças. Infelizmente, um não é capaz de compensar a falta do outro completamente. E as consequências dessa ausência serão sentidas na vida adulta.”, completa.

Segundo a especialista, de uma maneira geral, a figura paterna – seja ela o próprio pai, ou avô, irmão mais velho, tios, etc – é responsável pela formação da independência e da autoafirmação das pessoas. “Todos os bebês já nascem com uma ligação fortíssima com a mãe e vão crescendo dependentes dela. O pai é quem corta um pouco essa ligação, porque, afinal, ele também tem uma relação com a mãe. Então, ele quer que a criança não dependa tanto da mãe, para que ele também possa se ter o seu espaço.” afirma a coach. A “não” quebra dessa ligação faz com que o indivíduo cresça, na maioria das vezes, incapaz de tomar decisões e seja inseguro com tudo o que faz, pessoal e profissionalmente.

A psicanalista ainda afirma que a própria mãe tende a querer compensar essa falta da figura paterna mimando a criança, e como não estabelece os mesmos limites que o homem estabeleceria, o resultado é um filho, até mesmo na idade adulta, que acredita que pode fazer tudo o que quiser, sem avaliação de consequências. “A criança não desenvolve a ideia de que ‘querer não é poder’ e também pode se tornar extremamente narcisista.” diz Andreia.

Para os homens, especificamente, a falta da figura paterna pode afetar diretamente sua relação amorosa com mulheres no futuro. “O menino cresce rodeado de figuras femininas de poder – a mãe, outras parentes, professoras, chefes – e acaba temendo as mulheres e sendo incapaz de se conectar emocionalmente com elas.” explica a especialista. “Já com as filhas que crescem sem os pais, acontece exatamente o contrário: ela é capaz de se relacionar, mas nem sempre de forma saudável. Irá usar os outros homens para suprir essa necessidade, e a tendência é querer manter uma relação a qualquer custo, mesmo que não seja boa para ela. Se torna dependente desses relacionamentos.” afirma.

No mundo corporativo, os profissionais que têm essa lacuna na estruturação emocional dificilmente são bem-sucedidos. “Como afeta a confiança em si e a capacidade de tomada de decisões, essas pessoas tendem a não ter uma boa relação com seus superiores e principalmente com seus subordinados, por não terem desenvolvido as qualidades de um bom líder.”, explica a psicanalista.

E faz um apelo: “Se você é pai, saiba que a forma como se relaciona com seus filhos atinge diretamente a vida amorosa e profissional deles. Se a relação precisa de uma melhora, essa época de Dia dos Pais é perfeita. Nunca é tarde demais para refletir e agir diferente.”, conclui.

Serviço: Andreia Rego – Psicanalista e Coach de Desenvolvimento Humano