Técnica revolucionária beneficia pacientes pernambucanos com distúrbio na válvula mitral
Uma técnica recente e revolucionária para o tratamento de pacientes com insuficiência da válvula mitral do coração vem sendo aplicada com sucesso no Recife e em Olinda (PE). Trata-se de uma terapia à base de cateter MitraClip, opção inovadora de tratamento capaz de reduzir significativamente os sintomas e melhorar a qualidade de vida das pessoas. O procedimento é realizado pela equipe Intervencor, integrada pelos médicos Carlos Eduardo Gordilho Santos, José Breno Filho, Eduardo Pessoa de Melo, Leonardo Viana, José Breno Filho e Vinícius Melo, da rede D’Or São Luis (hospitais Esperança Olinda, Esperança Recife e São Marcos), e pelo heart team desses serviços (cirurgião cardíaco Fernando Morais e cardiologista Luiz Carlos dos Santos).
A insuficiência da válvula mitral afeta uma em cada dez pessoas com 75 anos ou mais de idade. Pode ser uma doença debilitante, progressiva e de risco à vida, pois uma válvula mitral com extravasamento causa um fluxo contrário de sangue no coração podendo aumentar o risco de arritmias, falta de ar e edema das pernas (inchaço).
A cirurgia de válvula mitral cardíaca aberta é o tratamento padrão, porém, diversas pessoas possuem um risco muito alto para o procedimento invasivo cirúrgico devido à idade avançada, a um histórico de cirurgia cardíaca prévia ou a uma constituição física frágil. E as medicações que visam reduzir os sintomas são limitadas e eventualmente incapazes de interromper a progressão da doença.
Pacientes tratados com o dispositivo MitraClip demonstram de forma consistente um perfil de segurança positivo, redução no refluxo mitral e melhora nos sintomas reduzindo os internamentos hospitalares e a mortalidade, de acordo com o estudo COAPT apresentado no congresso do Transcatheter Cardiovascular Therapeutics (TCT), realizado em San Diego, na Califórnia (EUA), em setembro 2018.
Fornecido pela Abbott Laboratórios do Brasil, o MitraClip repara a válvula mitral sem a necessidade de um procedimento cirúrgico invasivo. O dispositivo é inserido no coração através da veia femoral (vaso sanguíneo na perna) e, após implantado, permite que o coração bombeie sangue de maneira mais eficiente aliviando os sintomas e melhorando a qualidade de vida.
Sem uso de contraste, o cateter é guiado por ecocardiograma transesofágico 3D. O procedimento, nos casos indicados, ocorre como complemento do tratamento clínico medicamentoso.
“A técnica é relativamente nova, principalmente no Brasil. Fora do País já é utilizada há aproximadamente oito anos”, explica o cardiologista Carlos Eduardo Gordilho Santos, que conheceu o procedimento enquanto participava de congressos na Europa e nos Estados Unidos.
Nos primeiros três procedimentos realizados, Carlos Eduardo contou com o auxílio de um profissional vindo de São Paulo ecapacitado para treinar outros médicos. Após um período de visita ao serviço do professor Andrew Morse, em Nashville, no Tennessee (EUA), onde pôde aperfeiçoar a técnica, recebeu a certificação para realizar o procedimento. Atualmente Carlos Eduardo se encontra capacitado para treinar outros médicos com essa nova tecnologia.
O médico fará uma apresentação dos resultados do procedimento no 28º Congresso Pernambucano de Cardiologia, que acontece de 15 a 17 de agosto de 2019, no Centro de Convenções do Hotel Armação, em Porto de Galinhas, no município de Ipojuca, no Litoral Sul do Estado.