Taxa de gravidez adolescente no Brasil está acima da média latino-americana e caribenha
A América Latina e o Caribe continua sendo a sub-região com a segunda maior taxa de gravidez adolescente do mundo, afirmou relatório publicado nesta quarta-feira (28) por Organização Pan-Americana da Saúde/Organização Mundial da Saúde (OPAS/OMS), Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) e Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA).
A taxa mundial de gravidez adolescente é estimada em 46 nascimentos para cada 1 mil meninas entre 15 e 19 anos, enquanto a taxa na América Latina e no Caribe é de 65,5 nascimentos, superada apenas pela África Subsaariana. No Brasil, a taxa é de 68,4 nascimentos para cada 1 mil adolescentes.
A América Latina e o Caribe continua sendo a sub-região com a segunda maior taxa de gravidez adolescente do mundo, afirmou relatório publicado nesta quarta-feira (28) por Organização Pan-Americana da Saúde/Organização Mundial da Saúde (OPAS/OMS), Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) e Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA).
O relatório dá uma série de recomendações para reduzir a gravidez na adolescência, entre elas, apoiar programas multissetoriais de prevenção dirigidos a grupos em situação de maior vulnerabilidade e impulsionar o acesso a métodos anticoncepcionais e de educação sexual.
A taxa mundial de gravidez adolescente é estimada em 46 nascimentos para cada 1 mil meninas de 15 a 19 anos, enquanto a taxa na América Latina e no Caribe é estimada em 65,5 nascimentos, superada apenas pela África Subsaariana, segundo o relatório “Aceleração do progresso para a redução da gravidez na adolescência na América Latina e no Caribe“. No Brasil, a taxa é de 68,4.
Apesar de, nos últimos 30 anos, a fecundidade total na América Latina e no Caribe — ou seja, o número de filhos por mulher — ter diminuído, as taxas de fecundidade das adolescentes caíram ligeiramente, disse o documento.
A América Latina e o Caribe é a única região do mundo com uma tendência ascendente de gravidez entre adolescentes com menos de 15 anos, segundo o UNFPA. A estimativa é de que, a cada ano, 15% de todas as gestações na região ocorram em adolescentes com menos de 20 anos e 2 milhões de crianças nasçam de mães com idade entre 15 e 19 anos.
A maioria dos países com as taxas mais elevadas de fecundidade adolescente na América Latina e no Caribe está na América Central, liderados por Guatemala, Nicarágua e Panamá. No Caribe, República Dominicana e Guiana têm as taxas mais altas. Na América do Sul, a liderança fica com Bolívia e Venezuela.
Como comparação, as taxas de gravidez entre adolescentes nos Estados Unidos e no Canadá estão abaixo da média mundial e caíram de forma sustentada durante a última década. Nos EUA, houve diminuição recorde da gravidez adolescente em todos os grupos étnicos, com uma queda de 8% entre 2014 e 2015, para um mínimo histórico de 22,3 nascimentos a cada 1 mil adolescentes de 15 a 19 anos.
A taxa total de fecundidade na América Latina e no Caribe caiu de 3,95 nascimentos por mulher no período de 1980-1985 para 2,15 nascimentos por mulher em 2010-2015.
No mundo, a cada ano, ficam grávidas aproximadamente 16 milhões de adolescentes de 15 a 19 anos; e 2 milhões de adolescentes menores de 15 anos.
“As taxas de fertilidade entre adolescentes continuam sendo altas. Afetam principalmente as populações que vivem em condições de vulnerabilidade e demonstram as desigualdades existentes entre e dentro dos países. A gravidez na adolescência pode ter um efeito profundo na saúde das meninas durante a vida”, disse Carissa F. Etienne, diretora da OPAS.
“Não apenas cria obstáculos para seu desenvolvimento psicossocial, como se associa a resultados deficientes na saúde e a um maior risco de morte materna. Além disso, seus filhos têm mais risco de ter uma saúde mais frágil e cair na pobreza”, declarou.
A mortalidade materna é uma das principais causas da morte entre adolescentes e jovens de 15 a 24 anos na região das Américas. A título de exemplo, em 2014, morreram cerca de 1,9 mil adolescentes e jovens como resultado de problemas de saúde durante a gravidez, parto e pós-parto.
Globalmente, o risco de morte materna se duplica entre mães com menos de 15 anos em países de baixa e média renda. As mortes perinatais são 50% mais altas entre recém-nascidos de mães com menos de 20 anos na comparação com recém-nascidos de mães entre 20 e 29 anos, disse o relatório.
“A falta de informação e o acesso restrito a uma educação sexual integral e a serviços de saúde sexual e reprodutiva adequados têm uma relação direta com a gravidez adolescente. Muitas dessas gestações não são uma escolha deliberada, mas a causa, por exemplo, de uma relação de abuso”, disse Esteban Caballero, diretor regional do UNFPA para América Latina e Caribe. “Reduzir a gravidez adolescente implica assegurar o acesso a métodos anticoncepcionais efetivos”.
O relatório afirmou ainda que em alguns países as adolescentes sem escolaridade ou apenas com educação básica têm quatro vezes mais chances de ficar grávidas na comparação com adolescentes com ensino médio ou superior.
Da mesma maneira, a probabilidade de começar a conceber filhos é entre três e quatro vezes maior entre as adolescentes de lares no quintil inferior de renda na comparação com aquelas que estão nos quintis mais altos no mesmo país. As meninas indígenas, particularmente nas áreas rurais, também têm uma maior probabilidade de gravidez precoce.
“Muitas meninas e adolescentes precisam abandonar a escola devido à gravidez, o que tem um impacto de longo prazo nas oportunidades de completar sua educação e se incorporar no mercado de trabalho, assim como participar da vida pública e política”, disse Marita Perceval, diretora regional do UNICEF. “Como resultado, as mães adolescentes estão expostas a situações de maior vulnerabilidade e a reproduzir padrões de pobreza e exclusão social”.
Prevenção
O relatório dá uma série de recomendações para reduzir a gravidez adolescente, que envolvem desde ações para criar leis e normas, até trabalhos de educação no nível individual, familiar e comunitário.
Entre as recomendações, o relatório sugere promover medidas e normas que proíbam o casamento infantil e as uniões precoces antes dos 18 anos; apoiar programas de prevenção à gravidez baseados em evidências que envolvam vários setores e que trabalhem com os grupos mais vulneráveis; aumentar o uso de contraceptivos.
Outras medidas incluem prevenir as relações sexuais sob coação; reduzir significativamente a interrupção de gestações em condições perigosas; aumentar o atendimento qualificado antes, durante e depois do parto; incluir as jovens no desenho e implementação dos programas de prevenção da gravidez adolescente; criar e manter um entorno favorável para a igualdade de gênero, a saúde e os direitos sexuais e reprodutivos das adolescentes.
Fonte: ONUBR
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