Lançamento de startup brasileira ligada à biodiversidade é destaque na COP internacional, no México
Plataforma on-line VBIO surge para viabilizar a interação entre projetos socioambientais e empresas; apresentação está programada para 5 de dezembro, em evento com a chancela da ONU
Uma plataforma on-line programada para apresentar projetos socioambientais a empresas que precisam se adequar à nova lei sobre o uso de ativos naturais da biodiversidade brasileira. Essa é a startup brasileira VBIO, lançada oficialmente no dia 5 de dezembro, às 21h15 (horário de Brasília), durante a 13ª Conference of the Parties (COP), evento com a chancela da ONU realizado em Cancún, no México – no qual chefes de estado e profissionais do mundo inteiro se reúnem para debater medidas globais de proteção à biodiversidade.
“O acesso ao patrimônio genético e conhecimentos tradicionais é uma questão prioritária em todo o mundo, sobretudo no Brasil, onde contamos com uma legislação avançada nessa área. Com a Lei 13.123/2015, que entrou em vigor no final de novembro de 2015, as companhias que utilizam matérias-primas naturais – originárias de ativos naturais – devem destinar 0,75% da receita a projetos que beneficiem o meio ambiente e as comunidades onde atuam”, pontua Francine Leal, sócia-fundadora da VBio.
A especialista explica que o governo, como alternativa, também prevê que as empresas repassem 1% dos proventos a um fundo nacional que está sendo constituído. A grande dificuldade para a realização de uma repartição de benefícios são os entraves burocráticos e a dificuldade de comunicação entre empresários e as comunidades locais. A ferramenta chega, justamente, para solucionar esses problemas”, complementa.
O nome VBIO une as palavras “Vitrine” e “Biodiversidade”, evidenciando a grande intenção da plataforma. “O Brasil possui diversas instituições idôneas com excelentes projetos socioambientais, de recuperação da fauna e da flora, redução da pobreza ou capacitação de populações isoladas. No entanto, captar recursos e implementar ações é um grande desafio para muitas delas. Com o apoio da nossa vitrine, empresas de todo o porte , certamente, poderão investir nas causas que mais se identificarem”, afirma Paulo Zanardi Jr., também sócio-fundador da startup.
Tanto a iniciativa privada quanto os proponentes de projetos socioambientais terão benefícios com o uso da plataforma. Ao disponibilizar uma extensa rede de contatos, ela auxiliará empresas a reduzir o custo operacional da busca por projetos para realização de suas repartições de benefícios. Já as ONGs e outros empreendimentos de viés social ou ecológico poderão contar com a visibilidade de uma “vitrine” única, que impulsionará a captação de recursos para suas ações.
“Em um primeiro momento, visamos oferecer apenas projetos no Brasil, que atentam aos interesses de empresas nacionais e estrangeiras, mas as legislações sobre patrimônio genético devem avançar rapidamente em todo o mundo, abrindo espaço para exposição de projetos em todo o mundo”, comenta Francine. “Mais do que cumprir obrigações legais, as corporações tem se atentado à importância de associar suas marcas a organizações que fazem o bem. Na VBIO, será possível investir em programas de quatro áreas principais: projetos ambientais, valorização do saber, desenvolvimento comunitário e transferência tecnológica”, acrescenta Zanardi.
Francine Leal e Paulo Zanardi coordenam a startup, que ainda conta com uma equipe técnica especializada, responsável por analisar todos os projetos submetidos à vitrine. Os dois sócios, que também administram a consultoria GSS Sustentabilidade e Bioinovação, possuem vasta experiência em processos de repartição de benefícios, com foco especial para o desenvolvimento de comunidades, proteção da biodiversidade e o combate às mudanças climáticas. “Faremos uma seleção cuidadosa para garantir que apenas organizações confiáveis estejam em nossa vitrine e acima de tudo, que os projetos atendam aos principais objetivos da Convenção sobre Diversidade Biológica. Para o projeto cumprir seus objetivos, sabemos que credibilidade é fundamental”, finalizam.
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